Quem é o 'novo' presidente da Áustria e qual a relevância do cargo?

No dia 9 de outubro, cidadãos austríacos foram às urnas para votar para presidente da República. Por uma maioria absoluta, eles escolherem reeleger o atual presidente, Alexander Van der Bellen, que tem 78 anos e se torna o mais velho a assumir o cargo.

A Áustria, diferentemente do Brasil, é uma república parlamentarista. Isso significa que além de ter um presidente, o país também tem um chanceler (atualmente o chefe do partido ÖVP, Karl Nehammer). Enquanto o chanceler é eleito de maneira indireta (as pessoas votam no parlamento e o parlamento escolhe o chanceler), na Áustria os cidadãos elegem o presidente diretamente.

Ou seja, quando foram às urnas, os austríacos puderam escolher diretamente o nome do seu candidato favorito. Van der Bellen se candidatou como candidato independente, ou seja, não filiado a nenhum partido. Entretanto, ele tem uma conexão histórica forte com o partido Verde e recebeu apoio de outras importantes legendas como ÖVP, SPÖ e NEOS - além dos Verdes também.

O que faz o presidente da Áustria?

O presidente da Áustria é o chefe de estado e o maior diplomata do país. Ele tem um cargo bastante simbólico, sendo responsável por proteger a democracia na Áustria, por exemplo. O presidente não participa de decisões cotidianas de governo, mas pode fazer apelos à população e, claro, sua voz é bastante amplificada pelo cargo.

É também dever do presidente representar a Áustria internacionalmente e assinar leis, além de confirmar autoridades (inclusive ministros) a cargos.

Em teoria, o presidente pode também convocar e dissolver o parlamento nacional austríaco - mas raramente toma decisões drásticas.

Um presidente que é chefe de estado como o austríaco é muitas vezes comparado aos reis e rainhas britânicos. O papel é bastante cerimonial, mas não significa que ele não tem poder e responsabilidades.

Leia em inglês: Austrian presidential elections: What exactly does the president do?

Por que o Alexander Van der Bellen foi reeleito?

Van der Bellen concorreu com uma mensagem de estabilidade e moderação. Nos seus seis anos de mandato, ele presidiu uma série de crises políticas (Ibizagate aconteceu enquanto ele era presidente), a pandemia do coronavírus, a Guerra na Ucrânia. Assim, ele se posicionou como alguém que permanece sólido em meio às crises.

Com isso, conquistou cerca de 56% do eleitorado e se reelegeu já no primeiro turno.

Em segundo lugar, com cerca de 18% dos votos, ficou o candidato da extrema-direita FPÖ, Walter Rosenkranz. Uma grande surpresa foi o resultado do candidato do Bierpartei (sim, Partido da Cerveja), Dominik Wlazny, que conseguiu mais de 8% dos votos e, inclusive, ficou em segundo lugar em Viena.

Tudo isso indica várias coisas: a primeira é que as pessoas aprovaram o mandato estável e moderado de VdB. A segunda é que o partido FPÖ, que ficou tão perto de eleger o seu candidato nas eleições passadas, perdeu muitos votos. Isso acontece por uma certa migração para outros candidatos, após uma série de escândalos de corrupção que tiraram o FPÖ inclusive da coalizão de poder.

Sinais para as eleições parlamentares

Só que não dá para levar o resultado dessas eleições como uma certeza para 2024, quando a Áustria elege um novo parlamento e um novo chanceler. Não só pelo que pode acontecer nesse tempo, mas também porque o austríaco entende o cargo do presidente como cerimonial e VdB como favorito - muita gente simplesmente não foi votar.

Além disso, alguns dos que votaram para o VdB podem aprovar a moderação dele, mas esperar políticos mais incisivos para a chancelaria.

Por enquanto, o que vemos para 2024 é os partidos da coalizão (ÖVP e Verdes) muito fracos, e um crescimento importante da SPÖ.

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